Além da Armadura: Reflexões Sobre Vulnerabilidade e Crescimento
- Laura Borelli
- 10 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de jun.

Cada um aprende a viver como pode no mundo que habita. Escuto muitas histórias de enfrentamento, de dor, de desconforto, e fico curiosa para saber como aquela pessoa se tornou ela mesma. Em que mundo ela precisou viver para desenvolver a armadura que a protege? Quem estava lá quando ela precisou? Ela pôde pedir ajuda quando esteve em perigo? Ela foi vista, ouvida? Perguntaram como ela estava se sentindo?
Há histórias emocionantes que até parecem de heróis, vilões, guerreiros, vítimas, bandidos e corações partidos ou roubados. São histórias de gente que sente e que, às vezes, aprende a não sentir. Aprende a evitar, fugir, esquivar, ignorar. Gente que vai à luta sem saber ao certo por quem ou para quê.
Benditas armaduras que nos mantêm vivos. Mas só quem já vestiu uma sabe o peso e o preço que tem. Sabe o quanto é desgastante viver em alerta e não saber se a armadura será suficiente para proteger da vida. Em algum momento, o peso aumenta, a mobilidade se reduz e as juntas se enferrujam. Não dá para dobrar, torcer e esticar. É só rigidez. E como isso dói.
Mas como é a vida sem a armadura que custou tão caro? A vida vai além da caverna de Platão, é cheia de possibilidades, mas também cheia de riscos.
A parte mais difícil de uma escolha normalmente é deixar ir aquilo que perdemos. Mas, se o ganho valer a pena, dá para desapegar. E se hoje existir alguém que te veja com suas potencialidades? Que segure sua mão quando você precisar de ajuda? Que irá te ver e escutar? E se o mundo que te fez colocar a armadura estiver diferente agora?
Para se despir da armadura, é preciso correr o risco de confiar. Em si ou no mundo. Pode ser necessário tempo, paciência e uma boa dose de esperança para acreditar que há possibilidades de viver além do sobreviver, com leveza e presença. Aos poucos, dá para dobrar, torcer e esticar de novo. Tomar sol e chuva sem medo de enferrujar. Correr, brincar, dançar e até abraçar.
E então, finalmente, não será preciso ser herói, vilão, guerreiro, vítima ou bandido na história de ninguém. Será apenas poder ser e sentir. Aqui e agora.
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Laura Borelli
Psicóloga CRP 06/103841
Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem
Especialista em Terapia de Aceitação e Compromisso
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Publicado em 10 de junho de 2025.
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